Não a morte
mas o eclipse de Deus, disse
outro
filósofo, e eu fiquei por terra
a tremer de
pavor pelo astro grandioso
que, no seu
fluir momentâneo, ocultou
o Sol maior
que todos os sóis,
e deixa
apenas vir uma penumbra de granito
tecida de
voraz esquecimento.
É como se
entre a tua luz e o meu coração
se erguesse
densa parede
e a pedra branca
de calcário me roubasse
os teus
olhos e a promessa que em ti havia
no deslizar
das ancas
ou na fértil
flutuação dos seios…
e nada mais
restasse, apenas a súbita descrença
no sabor da
boca, da minha se perdia.
Tornemo-nos,
nesta meia-luz, crianças
e levedados
na palavra escutada
procuremos
nos quartos e no jardim,
subamos ao sótão,
espreitemos
entre cortinas e veludos.
O que
procuram? – ouviremos.
Como no
fugaz jogo da infância, dirás:
Um hálito, o
leve tremor do soalho, a poalha
suspensa na
atmosfera, a sombra de um insecto,
o rasto das
horas que passam na tarde de verão.
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