sábado, 25 de agosto de 2012

Poemas do Viandante (338)

338. RETORNO PARA O SEGREDO DO MAR E FLUTUO

Retorno para o segredo do mar e flutuo
nas águas frias do oceano.
Sou peixe a dançar na melodia das águas
e suspiro pela música das ondas
ao bater na rocha íngreme da pele.

Ao longe, deslizam veleiros, brancas muralhas
contra a altivez anil do céu.
Mais perto, barcos vindos da pesca
e alcateias de gaivotas, suspensas dos ares,
aguardam tardias o banquete.

Perdido na selva azul, avisto o sol,
uma promessa silenciosa desenhada
nas encostas verdes da praia.
As águas vão e vêm
ao ritmo breve da respiração.

Se a tarde se inclina e escorrega para o mar
o sol entrega-se à solidão do poente
e os dias de infância caem sobre mim,
cheios de barcos e castelos de areia,
orquestra flamejante no concerto da memória.

6 comentários:

  1. Li este poema e, aos poucos, fui ficando com lágrimas nos olhos.

    É um poema com maresia dentro. Apetece mergulhar nele.

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  2. Muito obrigado pelo comentário. Talvez o poema não seja mais do que um pedaço de mar roubado ao oceano. Quem sabe?

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  3. Talvez o mar seja feito de palavras assim, talvez seja isso, não sei.

    Lá no meu canto, estou a continuar hoje o tema de ontem e deu-me vontade de lhe pedir autorização para transcrever o seu poema mas já mudei de ideias. O seu poema tem que estar só aqui - ou, então, num livro. Acho essencial o suporte do papel para poemas assim, tem que se poder passar as mãos por ele. Ou num quadro, alguém poderia pintar um quadro com este poema lá dentro.

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  4. Não precisa de me pedir autorização. Nestas coisas, para mim, basta referência e o link, e eu é que fico agradecido. É curioso que a questão dos direitos autorais é muito recente na história da humanidade, e embora seja importante gera demasiado ruído e presunção. Na verdade, em cada coisa que escrevemos, pintamos, etc. está demasiado dos outros, como influência, iniciação, sei lá que mais para que uma obra seja apenas e só daquele autor.

    Bom domingo

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  5. Ainda que um pouco achando que vou colocar peça rara numa casa demasiado vulgar, vou aproveitar a sua generosidade.

    Muito obrigada.

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  6. Nem a peça é de tal raridade nem a casa é vulgar, e os próprios convidados são tudo menos vulgares. Eu é que fico agradecido,

    HV

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