O corpo,
pequeno móbil sobre o carreiro
do jardim,
herança confusa de múltiplas origens,
arquitectura
genética vinda da noite,
essa noite
que espia e espera
para te
embalar nos destroços da eternidade.
Sobre ele o
imperativo do prazer faz lei,
inscreve nas
células o súbito desejo de água,
o rumor de
outro corpo,
uma
geografia de ânsias e desejos
a arder na
incandescência do tacto.
Sonho-te,
pobre corpo, desprovido de gravidade,
liberto de
leis, cântico silvestre
no
calendário vazio, pássaro de seda ou
balão de
hélio nos precários dedos
de uma
mão egoísta e desmemoriada.
Quando agora
chega setembro, pesas-me
e a graciosa
leveza outrora sonhada
é um traço
de silvas, o espinho que ulcera
as pétalas cansadas
da rosa
que, sem
porquê, de aberta se faz fechada.
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