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quarta-feira, 22 de maio de 2013

Eis aqui o homem

Baldomero Romero Ressendi - Ecce Homo

Saiu, pois, Jesus fora, levando a coroa de espinhos e roupa de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem. (João 19:5)

Numa sociedade como a nossa, a apresentação do homem flagelado, amarrado, coroado de espinhos, em suma, completamente humilhado, caso a nossa época não estivesse saturada de imagens e não se tivesse tornado insensível a elas, seria uma verdadeira provocação. Os nossos tempos são tempos de homens vitoriosos. Só os vencedores contam. Quem quer rever-se numa imagem de um Cristo humilhado? O cristianismo tornou-se, para as ideias dominantes, aquilo que há de mais repulsivo. A repulsa nasce, em primeiro lugar, da má-consciência - quando existe ainda alguma consciênca - pois este homem humilhado e à beira da execução é a imagem fiel dos milhões de homens humilhados e sobre a dor dos quais se constrói a vitória dos vencedores.

A repulsa tem, porém, ainda outra origem. O que diz Pilatos à multidão ululante? Diz: Ecce homo (eis aqui o homem). Aparentemente, Pilatos estava a apresentar um homem particular, Jesus de Nazaré. Na verdade, porém, ele estava a mostrar à multidão o homem na sua humanidade. Ele devolvia à multidão a imagem de cada um, a terrível imagem da finitude e da impotência humanas perante os poderes do mundo. E é isso que a multidão daqueles dias, assim como os vitoriosos de hoje, não suportam. A arrogância, a velha hübris dos gregos que herdámos e com tanto vigor cultivámos, não suporta a visão do homem finito, limitado e, na verdade, absolutamente impotente perante a desmesura da vida e da morte. Este Cristo abandonado à dor e à morte é insuportável. E é insuportável porque nos detestamos na nossa verdadeira e última condição.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Da humilhação

Ter a obrigação de fazer uma coisa absolutamente estúpida é uma prova para a nossa humildade. Pensamos que aquilo que em nós resiste é a nossa inteligência, a razão que acompanha os nossos pontos de vista. Tudo isso é reconfortante para o nosso pequeno ego, mas a verdade é outra. O que resiste em nós é o orgulho, o ego próprio inflacionado perante a estupidez do ego que nos superintende. O que fala em nós nessa resistência é a falta de humildade. É humilhante ter de fazer coisas estúpidas só porque outros, que têm poder para tal, no-lo impõem. Mas essa é uma oportunidade para nos desprendermos de nós mesmos, para nos desligarmos das nossas considerações sobre a natureza superior da nossa pequena máscara e aceitar aquilo que Ele nos envia.