segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Poemas do Viandante (321)

321. PARA QUE QUERES TU A ETERNIDADE?

Para que queres tu a eternidade?
Não te basta a hora vazia,
o dia que a rugir passou?
Não te basta a pequena rua
ou o jardim seco ao pé da praça?
Não te basta a agonia que vem
se o tempo não passa?

Para que queres tu a eternidade?
Coleccionas folhas num herbário
e pensas que ali ficarão
e os netos dos teus netos as herdarão.
Uma súbita alegria faz-te cantar
e sonhas com a primavera,
o futuro a há-de degolar.

Para que queres tu a eternidade?
Perdeste a pátria na viagem
e as casas que habitaste são sombra,
a névoa vazia da memória,
que imprecisa cai devagar.
Esquece o desejo e a sua voragem,
entrega-te ao momento que chegar.

3 comentários:

  1. Essa entrega ao momento é já o viver da eternidade...acho eu...

    Já por aqui lavram mais de 321 momentos líricos de grande qualidade. Aguardamos o...livro.

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  2. Generosidade da Maria. Ainda é cedo para o livro e com este calor não há livro possível.

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  3. Aguardam-se ansiosamente tempos mais frescos, umas fortes chuvadas e alguma ventania.

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