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terça-feira, 11 de julho de 2017

O acrobata

Marino Marini - Acrobats (1960)

Pensamos as acrobacias como exercícios de equilíbrio fundados na destreza, agilidade, força e risco. Vale, porém, a pena fazer a arqueologia da palavra. Descobrimos a sua origem no vocábulo grego akróbatos, aquele que anda em bicos dos pés. Há uma certa continuidade de ideia. Andar em bicos dos pés implica equilíbrio. A destreza física do equilibrar-se acaba, todavia, por nos esconder o desejo que se esconde nessa estranha forma de andar. Tem duas características. Por um lado, é uma diminuição da base de apoio do homem, diminuindo o contacto do corpo com a terra. Por outro, é um elevar-se em direcção ao céu. Na essência da acrobacia há, deste modo, um desejo de elevação e de superação da condição terrestre do homem.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

O jogo das labaredas

Boris Kustodiev - Fogueira (1916)

A fogueira não é apenas o centro de uma sociabilidade campestre, o lugar à volta do qual os homens se reúnem e dão livre curso à imaginação narrativa. Ela é também um sinal, um indício, em suma um símbolo. Eleva-se da terra para o céu, como se o destino de toda a matéria fosse rarefazer-se para se elevar ao alto. Aturdido, o homem fixa o olhar no jogo das labaredas e, sem dar por isso, recebe uma lição de metafísica.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Raízes na terra

JCM - Símbolos, signos e sinais. Lisboa, Jardim Botânico, (2007)

Como a árvore, também o viandante deve lançar as suas raízes na terra. Só aquele que tem raízes fundas pode suportar as intempéries que o vento - aquele vento que sopra onde quer - traz consigo. Sem raízes na terra, como pode o homem olhar para o alto, contemplar os céus, e não ser arrastado na queda? Só aquele que desce pode encontrar a seiva que o fará subir.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Do mediador

Vincent Van Gogh - Roots and Tree Trunks (1890)

Quantas vezes o homem se julga uma folha a levitar, como se o seu domínio fosso o do alto? O império do homem, porém, é o do meio, aquele que fica entre o céu e a terra. Por isso, ele precisa do tronco e das raízes. Não apenas porque a sua natureza assim o exige, mas porque o céu e a terra precisam de um mediador, daquele que, na sua viagem, os une, estabelecendo a ponte que une aquilo que está afastado.

sábado, 28 de junho de 2014

O caminho do meio


Erguer-se, tornar-se flexível perante os elementos, resistir quando tudo se desfaz. Enraizar-se na terra funda e crescer para os céus. Assim é o homem, o que está sempre a meio caminho, voz da mediação, o terceiro que liga o que está em baixo ao que está em cima. O que está a meio caminho é também aquele que toma o caminho do meio.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dança báquica

André Louis Derain - Bacchic Dance (1906)

A terra dança. O espírito da terra ergue-se, ganha figura, multiplica-se em corpos, e os corpos dançam e dançam, como se aspirassem a não ser corpos, mas apenas a terra pura que, inebriada e sem destino, espera que o céu desça sobre ela e a tome para sempre nos seus braços.