Victor Palla, sem título, 1990 (Gulbenkian) |
As figuras hesitam na fímbria da realidade. Ainda não estão certas da sua essência e temem aventurar-se numa existência que lhes seja estranha. Movem-se em ambientes translúcidos, evitam a transparência, enquanto tudo à sua volta está mergulhado no oceano inquieto da indecisão, nas águas turvas onde nem o dia nem a noite são nítidos. Por vezes, aproximam-se umas das outras. Procuram a irmandade dos que já deixaram a terra deserta do nada, mas ainda não chegaram às planícies exuberantes do ser. Buscam na fraternidade consolação, como aqueles que chegaram à existência a encontram ao poisar os olhos num ramo de camélias.