Theo van Doesburg - Counter-Composition VI (1925)
Há um momento na vida que buscamos caminhos claros, marcados por linhas rectas, um exercício de geometria prática. Nessa altura, animados pela razão e pelo seu desprezo pelo sinuoso, julgamo-nos maduros e na via da verdade. Em breve, porém, se descobre que a razão geométrica não passa de um exercício adolescente, o sintoma de uma imaturidade do espírito. As curvas de um rio, os desenhos sinuosos feitos pelo vento nas areias do deserto, o horizonte incerto das montanhas escarpadas simbolizam mais eficazmente a via que espera o viandante. A geometria, a clareza e a distinção, a pura diferenciação do branco e do negro são ainda um armadilha, o exercício de uma sedução a que o espírito, na sua imaturidade, com agrado cede.