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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Perante a paisagem

Max Beckmann - Small italian landscape (1938)

O turista colecciona paisagens para elaborar um álbum de sensações de prazer que o consumo do mundo lhe dá. É uma relação de poder fundada no registo de sensações. O viandante apaga-se na paisagem para que o espírito do lugar se manifeste, e assim dois espíritos se unam e a verdade se revele.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Sentimento de incompletude

 Hippolyte Blancard - Sem título (1888)

O que desencadeia em alguém o desejo da viagem, a necessidade de se pôr a caminho e de se tornar viandante? Não é a busca de novas sensações, nem o prazer da aventura ou a ânsia de descobrir novas realidades. Tudo isso são ainda funções que o turismo pode suprir. Aquilo que atira o homem para a viagem do espírito é o sentimento de incompletude. Alguma coisa que é sentida como sendo própria está em falta. O viandante faz-se ao caminho à procura da outra parte de si mesmo.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

O turista e o peregrino

José Bellosillo - Adentrándome (1992)

Há duas formas de fazer o caminho que se abre ao chegarmos à vida. Podemos ir de estação em estação, percorrendo múltiplos e diversos caminhos como se, apesar da diferença, fossem o mesmo. Podemos, todavia, fazer o caminho sem sequer sairmos do local que nos cabe, penetrando-o mais e mais, percebendo a sua espessura, compreendendo-o na diferenciação que constitui a sua identidade. No primeiro caso, escolhe-se a via do turista. No segundo, a do peregrino.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O tempo dos viajantes

Liubov Popova - The Traveler (1915)

Vivemos em tempos de nomadismo. Não se trata apenas daqueles que, pela imposição da estrita necessidade, se vêem obrigados a emigrar, mas do culto pela viagem induzido pela moderna indústria do turismo. Este viajar, porém, acaba por fragmentar o viajante, pois, levado pelo desejo, submete-se à multiplicidade de sensações sem nunca poder aceder ao centro nevrálgico que unifica os mundos pelos quais passa, nem encontrar o caminho para si mesmo. Viajar não passa de um divertissement, tal como o entendia Pascal, uma estratégia de esquiva perante a efectiva realidade humana. Viajar tornou-se um exercício de ideologia, se entendermos por esta uma visão distorcida da realidade.