Giotto di Bondone - Alegoria da Pobreza (1316-1319)
A pobreza não é a mesma coisa do que a miséria. Esta tem como núcleo central abjecção. A pobreza deve ser entendida como um desapossamento de si, um abandonar-se a si mesmo, um não querer centrar em si o que quer que seja. A essência da pobreza é a dignidade, não aquela daquele que decidiu tornar-se pobre, mas a dignidade que essa pobreza permite manifestar.
Percebo o que quer dizer e é um pensamento cheio de dignidade. E a pintura que escolheu é cheia de um misticismo encantado em torno do conceito da pobreza.
ResponderEliminarNo entanto, nos tempos que correm, é perigoso fazer o elogio da pobreza pois é em nome disso que toda uma política muito pouco digna quer colocar a população na miséria.
Por isso distingui entre pobreza e miséria. Julgo que a ideia de pobreza vai ter de ser repensada e revalorizada no contexto do mundo de hoje. Demasiada população, disfunção das sociedades de consumo, planeta à beira da ruptura. Do ponto de vista político e social, talvez a questão que se coloque hoje em dia não seja a da distribuição justa da riqueza, mas a da distribuição justa da pobreza. Mas talvez volte ao conceito.
ResponderEliminarDespojamento, o caminho inverso da acumulação.
ResponderEliminarIsso mesmo, e também o que vem depois da modernidade e das utopias do progresso infinito.
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