Mostrar mensagens com a etiqueta Desespero. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Desespero. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 25 de março de 2014

Num campo de refugiados

Henri Cartier-Bresson - INDIA. Punjab. Kurukshetra. A refugee camp for 300.000 people. Refugees exercising in the camp to drive away lethargy and despair. Autumn 1947

Na tradição católica, a terra é vista, muitas vezes, como um vale de lágrimas, um lugar de exílio para uma alma criada para uma outra pátria que não a terrestre. Se esquecermos o vale de lágrimas e nos ficarmos pela ideia de exílio, perdemos o que é essencial nessa ideia, o facto de os homens, na terra, estarem, todos eles, num campo de refugiados, onde precisam de afastar a letargia e o desespero.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A casa do desespero

Brull Carreras - Desierto de Atacama

O deserto é a casa do desespero. E o desespero, hoje em dia, está por todo o lado. Não vamos pensar, contudo, que a nossa solidão interior consiste na aceitação da derrota. Não podemos escapar de seja do que for por consentir tacitamente em sermos derrotados. O desespero é um abismo sem fundo. (Thomas Merton, Thoughts in Solitude)

Devemos pensar que a relação do homem com o deserto, com o vazio, pode ter uma dupla natureza. O vazio pode ser sentido como a casa do desespero, de um desespero que nasce da multiplicidade dos desejos frustrados, das ilusões desfeitas, da errância onde nos perdemos. Mas o vazio interior - a pobreza de espírito - pode ser o lugar da esperança. Esperança que nasce ao libertarmo-nos de tudo o que é ilusório, irreal e, na verdade, irrelevante. Este vazio é aquele que tem o poder de transformar em lugar de esperança aquilo que a vida contemporânea tem o condão de tornar em casa de desespero.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Margem segura

Um dia perdido em divagações e impotência. Em nada do que faço adiantei um milímetro que fosse, apenas as horas passaram e eu passei com elas, como se o meu destino fosse apenas passar. Desespero de mim e lanço um grito de angústia na noite que cai. Quem me escutará? Sinto no corpo uma lassidão tão grande e no espírito uma fria indiferença por tudo o que me compete fazer. A vontade frágil soçobra num mar de indolência e eu sinto-me a afundar e deixo-me ir como se dar aos braços e rumar para a margem segura fosse a mais difícil das tarefas que cabe ao homem no mundo.