As horas
brancas do sofrimento chegam,
névoa azul
sobre o mar, um barco arpoado,
cântico da
carne na desolação do dia.
Dissipada
esperança cai pela floresta,
terra
antiga, pobre condado da infância.
Quantas
vezes peguei na tua mão,
como se
esperasse uma carta,
o segredo de
um nome ou a sílaba
onde se
escondia o ventre desse amor.
A vida
esmorece, torna-se inabitável,
um castelo
em ruínas na vila abandonada.
Os frutos,
se os havia, eram ácidos,
sobre o
açúcar traziam o tom do limão,
e logo amadureciam
na secura da tarde.
Vislumbro hoje
esses dias de glória,
a casa
aberta para o pequeno jardim,
as tuas mãos
a trabalhar a terra,
as roseiras
enxertadas no final do dia.
Um animal
selvagem habitava a casa,
crescia na
noite e adormecia na aurora.
Quando a
porta se abria, apenas uma sombra,
o sussurro
do mundo a cantar vagaroso,
a voz que
amei no prelúdio da tarde.
Batem as
horas no relógio de parede
e o coração
estremece na distância.
Os dias estão
ficar mais curtos, disseste,
e os meus
olhos declinaram com o sol.
Sem comentários:
Enviar um comentário