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sábado, 2 de julho de 2016

Origem e originalidade

Paul Klee - Ab ovo (1907)

Uma das grandes tentações da vida espiritual, seja em que área for, é pensar que se vai começar alguma coisa desde a origem, sendo esta percebida como um começo absoluto. Esta tentação tem duas faces. Em primeiro lugar, pensa que existe uma origem absoluta à qual se possa chegar. Em segundo, crê, de forma ingénua, que se pode saltar por cima da própria sombra, isto é, da história. Não podemos contudo, dizer que não há um momento inicial, uma origem, a partir do qual se faz um certo caminho. A origem existe, mas existe a cada momento. Cada momento é originário e convoca os seres humanos não apenas a mergulhar nessa origem actual como a serem, por isso, originais.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

A queda originária

Mère Geneviève Gallois - Adão e Eva expulsos do paraíso (1926)

A racionalização histórica de um dos mitos fundadores da nossa cultura - o mito de Adão e Eva - acabou por ocultar aquilo que nele era efectivamente operante. Não se tratava tanto de constituir uma narrativa explicadora da nossa condição mortal e sofredora, mas antes de uma chamada de atenção para a nossa realidade actual, aquela que se vive a cada instante. A cada instante o homem é arrastado pela queda originária. Por queda originária não se deve entender uma queda situada num ponto determinado do tempo, no início dos tempos. A queda é originária porque está sempre na origem de uma existência degradada e impotente para realizar aquilo a que é chamada.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Do início e do fim

Paul Klee - Ab ovo (1907)

Que maior ilusão poderá haver do que pensar num início? Tanto na vida da natureza como na do espírito não há um início, mas apenas processo de transição que medeiam dois infinitos, o infinito que vem antes e o infinito que vem depois. Mesmo numa interpretação da criação do mundo ex nihilo só em aparência um início. O criador seria o infinito que precede a criação e a criatura. Se não há um início, haverá um fim? Não se estenderá o infinito infinitamente?

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Chegar à fonte

Giovanni Segantini - Mulher na fonte (1895-96)

No intrincado jogo de metáforas e símbolos que a experiência da humanidade foi produzindo, a fonte tem um lugar de relevo. O lugar de onde brota a água presta-se à construção de uma simbólica que nos remete para a fonte da vida, para a fonte do espírito. Chegar, porém, à fonte não é chegar à origem. A fonte é o lugar onde algo se manifesta, emerge no ser e se deixa ver na sua presença. Chegar à fonte não é o fim da viagem. É um recomeço. A fonte é apenas a porta de entrada.