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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Nuvens

Edward Weston - Clouds (1936)

As nuvens possuem a particularidade de unir nelas um conjunto de contrários. Umas sugerem um ambiente pesado; outras, a leveza. Umas tornam o horizonte escuro; outras trazem com elas a claridade. Umas são sentidas como ameaçadoras; outras, benfazejas. O que nunca pensamos é que elas são a imagem, a nossa imagem, que o céu nos devolve. Ao olharmos as nuvens, através das metáforas usadas no jogo pueril da sua classificação, é a nós mesmos que encontramos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Um jogo rítmico

José de Togores - Figura escondendo-se (1925)

A viagem espiritual dos homens é marcada por um jogo de ocultações e de manifestações. Por vezes, o espírito necessita de se esconder e nessa ocultação encontrar a energia, a força e a substância que levarão à sua manifestação. Ocultar-se não significa um puro desaparecimento, mas um momento em que o espírito se prepara para trazer ao mundo o inesperado, o inaudito e o inédito.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Um pressentimento

Paul Klee - "Quelle peut être la raison ..." (1911)

Há um tempo em que os seres humanos desconhecem a razão das coisas e daquilo que sucede e lhes sucede. Depois descobrem um dos seus passatempos preferidos: encontrar a razão das coisas. Dar a razão de... é um jogo poderoso e fascinante. Tão fascinante e poderoso que os homens perdem a abertura para o que não tem razão, para aquilo que não se deixa capturar pela veemência do logos. Por vezes, têm um pressentimento e, então, tremem: e se o decisivo estiver para além da veemência da razão?

sábado, 5 de maio de 2012

Da arte da dança

Giorgio Morandi - Natura Morta (1918)

A tensão entre corpo e espírito é o cerne da nossa natureza viva. O desprezo pelo corpo, a sua negação, o ódio ao que ele traz consigo são formas de morte, mas de uma morte onde o próprio espírito morre. Também a eliminação do espírito, dos seus anseios e desejos, é uma forma de solidificar o corpo, torná-lo numa verdadeira natureza morta. Dividir o ser em duas partes é já uma decisão arbitrária, mas à qual não podemos fugir, pois foi assim que o mundo e o estar nele nos foi ensinado. O importante é aprender o jogo que as partes devem uma à outra e jogá-lo. A finalidade desse jogo não é a vitória de uma parte sobre a outra, mas abolir a fronteira onde a divisão se dá. Abolir a fronteira não significa uma decisão jurídica proferida por uma instância independente ou um tratado onde as partes, mantendo-se enquanto partes separadas e distintas, deixam o viandante transitar de um território para o outro sem necessidade de passaporte e paragem na alfândega. Abolir a fronteira significa que já não há juiz que sentencie nem partes que assinem tratados, tão pouco um viandante que as percorra. Significa apenas que corpo e espírito se fundiram e nessa fusão são alimentados pela tensão. Não já a tensão inicial entre corpo e  espírito, mas a tensão que resulta agora da tendência para a separação e o desejo de aprofundar a fusão. A tensão inicial deu lugar ao jogo, e este à dança. O ser dança e não é possível dançar sem que uma tensão percorra cada célula daquele que dança, que a alimente e a impulsione no seu movimento, na sua luta contra a gravidade.