Frank Eugene - Adam and Eva, 1910
Os mitos nunca deixam de nos atormentar. Decretamo-los mortos e eles revivescem e revigorados perseguem-nos, de noite, nos sonhos, ou então nesses outros sonhos, os da vigília, a que damos o nome de arte. O triunfo da razão no mundo moderno sempre foi acompanhado pela presença persistente do mito. Cerramos os olhos e logo um paraíso parece estar ali mesmo à mão. Abrimo-los e logo se insinua uma nostalgia desse Adão e dessa Eva que um dia fomos e que, por um qualquer acto inexplicável, deixámos de ser para cairmos na deplorável situação que é a da humanidade finita, limitada, insensata. Mortal, numa palavra.