Mostrar mensagens com a etiqueta Noite. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Noite. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Noites de Verão

Winslow Homer - Summer Night (1890)

Ao pensar-se em noites de Verão, o pensamento, de imediato, é conduzido à ideia de sonho. Certamente, a peça de Shakespeare - Sonhos de uma Noite de Verão - terá, nessa associação, um papel. No entanto, sempre se pode especular que o nome da peça seja já o resultado de uma experiência primordial da humanidade, muito anterior ao dramaturgo inglês, experiência que liga as noites de Verão ao sonho. Essa ligação é feita através do desejo. A combinação da temperatura cálida e da noite torna-se um poderoso estimulante do desejo. O sonho nasce então desse desejo que perdeu as amarras que a luz e o frio sobre ele faziam cair.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

A vinda da noite

Piet Mondrian - Landschap bij nacht (1907-08)

A noite nasce como um paisagem exterior, mas lentamente cresce para dentro dos olhos, inundando o espírito, trazendo com ela o silêncio, esse silêncio onde o pensamento se cala, e uma grande quietação se derrama naquele que perdeu toda a luz. Agora está pronto para subir ao seu monte Tabor,

domingo, 17 de abril de 2016

Noites portuárias

Caspar David Friedrich - Porto de noite (1818)

A viagem espiritual dos homens, como qualquer outra viagem, é feita de partidas e chegadas. Também ela vive dos grandes portos e dos cais de embarque. E é nessas noites portuárias, de onde a luz desapareceu e apenas se ouve o marulhar das águas nos cascos das embarcações, que um novo sentido emerge e um novo destino se desenha para aquele que, acabado de chegar a terra, se dispõe já a partir.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Aprender a anoitecer

Vincent Van Gogh - Anoitecer (1889)

Aprender a anoitecer. O viandante traz em si demasiada luz e a viagem não é mais que um aprender a fazer noite em si mesmo. Aquele que aprendeu a anoitecer esqueceu-se de si e, abandonando-se ao vento que sopra onde quer, extinguiu a sua luz, para que uma outra Luz possa brilhar nas trevas.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Aprender a anoitecer

Max Klinger - Noite

A noite carrega consigo múltiplas e antagónicas simbolizações. É inútil esboçá-las sequer. Inerente, porém, ao fascínio da noite é também a expectativa da vinda do dia e da luz. João da Cruz tematiza a noite escura como esse sentimento de abandono que o crente sente na viagem espiritual. Mas como pode o homem perdido no mundo, guiado pela luz natural dos sentidos e da razão, entrar sequer nessa escura noite de que fala o místico castelhano? Talvez a resposta esteja ainda na noite. Terá de aprender a anoitecer, aprender a ver a luz dos sentidos e a da razão como pura obscuridade e obstáculo no caminho.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O mistério da noite

Alphonse Osbert - O mistério da noite (1897)

As sociedades modernas dividiram a noite segundo uma tripla possibilidade. A noite como o tempo de descanso, como o tempo da diversão e como o tempo de trabalho. Esta tripla consideração do tempo nocturno tem por função matar o mistério da noite, impedir que ele simbolize para o homem alguma coisa de essencial. O mistério da noite reside na possibilidade que nela a luz se manifesta com mais intensidade. O mistério da noite é o da vitória luz sobre as trevas.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Do ocaso e da aurora

Jaime Burguillos - Ocaso (1976)

Quando desce a noite, descobrimos a verdade do dia. No ocaso encerra-se a luz. Cercada pela noite, porém, a luz não se desvanece. Respira lentamente e prepara, nas trevas mais densas, o raiar de uma outra e mais decisiva aurora. A viagem continua.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O caminho na noite

Lucio Fontana - Ambiente espacial e luz negra (1948-49)

É nos dias em que a luz se tinge de negro, em que a escura noite desce sobre os sentidos e o coração, que o espaço se abre e intima o viandante a prosseguir a viagem. Cego, escuta o rumor e ouve o vento. O caminho é aquele que ele próprio, no espaço sem fim, desenha com cada um dos seus passos. A noite também é tempo de viagem.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Corpo crepuscular

Jorge Apperley - Crepúsculo (1922)

Pelo desejo, compreendemos a natureza crepuscular do corpo. A sua luz, mesmo nas horas de maior vigor, indica sempre a incompletude, a ausência de alguma coisa que se manifesta na dinâmica desejante. O corpo nunca é dia pleno nem noite fechada. É apenas aquela luz frouxa e indecisa que parece hesitar na fronteira entre dois mundos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O olhar da noite

Cruzeiro Seixas - Quando a noite nos olha (1989)

Não se trata de estarmos na noite, de caminhar nela, mas de sustentar o seu olhar. O que significará olhar a noite nos olhos? A noite como metáfora da ausência de luz é ainda um placebo tranquilizador. É preciso ir mais longe, é preciso descer. Não é apenas a ausência de luz que se esconde na metáfora da noite, é a própria ausência de ser, é o nada. No olhar da noite é o nada que nos olha, é a dissolução do mundo, é o rasgão do tecido com que construímos as nossas imagens, as nossas crenças e as nossas esperanças. No olhar da noite, tudo isso se dissolve e o viandante, sem norte, abre mão de si e espera que a noite o recolha.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

De noite em noite

Max Ernst - Las fases de la noche (1946)

Várias são as modalidades da nossa cegueira. Entre a noite trazida pela sofreguidão do desejo e a noite criada pela luz que tudo obscurece existem mil cambiantes. A noite não é apenas o complemento do dia, mas a metáfora perfeita da nossa condição terrestre. Anoitece-nos o desejo, os sentidos, o dever, a vontade e a imaginação. Negra é ainda a luz que vem da razão, tão negra quando a do sentimento ou da paixão. Negra é a noite escura da alma ou a iluminação divina que cai sobre o homem. Na terra caminhamos de noite em noite, arrastamos toda uma paleta de pretos, como se a nossa ausência de luz pudesse ter cambiantes, e as noites se diferenciassem. Somos como Édipo em Colona, caminhos cegos. Não é preciso matar o pai e casar com a mãe, basta nascer para cair na escuridão.

sábado, 5 de setembro de 2009

Deixar vir

Deixar vir a noite com o seu silêncio, deixar vir a incerteza que a escuridão traz, deixar vir o sussurro da Voz que ecoa para lá do horizonte.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A voz que cantará

Um passo mais, um desbravar de horizonte, um abrir-se ao desconhecido que há no fundo de si. Conhecemos demasiado e em todo o conhecimento há uma ocultação. Envoltos no orgulho da vitória cognitiva, esquecemos esse fundo obscuro de onde provém toda a luz. Abrir-se ao desconhecido que há em si é mergulhar nas trevas mais densas. Ali esperamos a voz que cantará pela meia-noite.