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segunda-feira, 8 de junho de 2015

Algum lugar

Juan José Aquerreta - Algún lugar (1991)

Quando dizemos "algum lugar" não estamos conscientes do papel que, ao nível existencial, a indefinição introduz. O viandante parte sempre deste lugar, de um lugar de fronteiras claras e definidas, de um território geograficamente constituído. A viagem é, ao contrário, um processo de continua indefinição dos lugares, de desterritorialização. A indefinição, todavia, não é o fim último que orienta o viandante. Ela é apenas uma mediação, na qual a fixidez da existência perde os seus contornos e começa a abrir-se. Abrir-se para quê? Para o lado nenhum, para o nenhures, para a ausência de território, de fronteiras e de determinações. A viagem leva o homem do determinado para a mais pura indeterminação.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Perder-se no infinito

Lennart Olson - Cangas de Onis III (1991)

Onde vão dar os caminhos que levam a lado nenhum? Esse nenhures é, em primeiro lugar, o sinal da finitude do viandante. Seja qual for o sítio onde se encontre ou para onde se dirija, devido à sua finitude, o viandante está ou estará em lado nenhum. Esta é, porém, uma visão nascida da fragilidade de um ser finito. Nenhures é, na verdade, o signo do infinito, daquilo que não tem fim. Toda a viagem tem como finalidade que o ser finito se perca no não finito, no infinito que, sem limites, o aguarda.