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domingo, 10 de julho de 2016

Aprendizes de Ícaro

Remedios Varo - Aprendiz de Ícaro (1954)

Uma pequena parte dos seres humanos tem uma inclinação claramente voltada para baixo, como se neles habitasse um desejo irreprimível de se afundarem do domínio obscuro das potências telúricas. Tudo o que tocam fica contaminado por esse desejo de diluição no fundo do ser. A grande maioria dos homens olha horizontalmente o mundo. Temem o mundo de baixo e não aspiram olhar para cima. O domínio da terra é o seu horizonte de expectativa. Outros homens, porém, olham o alto e aspiram a elevar-se da condição terrestres. São os aprendizes de Ícaro. Se o desejo espiritual não for mediado pela graça da sabedoria correm o risco de se afundarem sem remissão naquele domínio obscuro a que são, por natureza, tão avessos.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Romper a névoa

JCM - Mitologias (numa manhã de nevoeiro) (2014)

Romper a névoa e ansiar a luz que está para além dela.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Como terra seca

JCM - Time on space (2007)

Como a terra seca, também o espírito do homem abre fracturas, sinais de longos períodos de seca, onde a espera cava zonas obscuras. Ali está a dor, o abandono, a desistência, mas também a esperança de que algo venha iluminar o espírito e trazê-lo para paisagens mais verdejantes.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O homem cego

Albert Bloch - The Blind Man (1942)

Que queres que eu te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu tenha vista. Disse-lhe Jesus: Vê, a tua fé te curou. (Lucas 18:41-41)

O homem cego não é outro senão cada um de nós. Estar cego ou, melhor, ser cego é o nosso estado natural. A cura da cegueira, porém, é algo tão inusitado que é difícil  descrever a terapia. No texto de Lucas, por exemplo, fala-se de fé. Ora haverá poucas coisas mais obscuras do que a fé. Como pode a obscuridade vencer a obscuridade?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Terrível gravidade

Egon Schiele - Levitação (1915)

Se há dias que o espírito levita, se ergue e, instalado na leveza, parece pairar sobre o mundo, outros há em que a gravidade deixa de ser propriedade dos corpos e se dissemina no espírito. Tudo se torna demasiado pesado e lento, tudo se torna obscuro, como se uma noite caísse, uma noite de chumbo pautada pelo uivo do lobo e o rosnar dos cães. Não, não são apenas os corpos que não levitam. Também o espírito está sujeito à terrível gravidade.