As portas
que se abrem e fecham,
a colina
rasgada pelos últimos fogos,
a paisagem esquiva
na janela do quarto.
Ficaria
semanas a enumerar sensações,
a desmembrar
imagens que me chegam,
como se uma
verdade fosse possível
ou um novo
deus se revelasse.
Desço as
escadas em direcção à rua
e esqueço o
exercício de separar estações.
Espero
apenas que venha o inverno
e o tempo de
exílio,
a feliz
ventura da pátria sonegada.
Aqueles que
desejam a graça
sentam-se ao
meu lado no chão húmido,
olham os
céus e perscrutam as nuvens.
O silêncio
cresce no ventre do verão,
um silêncio abrasador
na quietude da tarde,
império de
sombra no coração da luz.
Os que
esperam o êxtase retiram-se,
partem para
a reclusão da floresta,
para o
sigilo que em si a natureza esconde.
Fico preso
no cristal da solidão,
na expectativa
de que chegues ao arrefecer
e tragas na
brancura das mãos
as horas
maduras do meu breve amor.
Por vezes ao ler Homo Viator relembro-me de Holderlin, que não leio há anos.Passa por aqui o seu espírito--poético. Terei de voltar a ler. Talvez Homo Viator tenha sido uma centelha das almas de Holderlin, numa outra vida...ah, mas isso é para quem acredita na teoria da metempsicose...o que, para mim, não é descabido de todo. Obrigada pela Beleza.
ResponderEliminarBem, não sou dado a metempsicoses, mas acredito na filiação e na tradição. Eu é que agradeço o comentário.
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