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domingo, 8 de janeiro de 2017

Prazer pleno

Guillermo Muñoz Vera - La cosecha (1995-96)

É no capítulo três do livro de Eclesiastes que surge a grande meditação sobre os ritmos de vida do homem. O central nesse capítulo, porém, não é o ensinamento de uma rítmica existencial mas a afirmação de que a vida merecer ser vivida plenamente: assim eu concluí que nada é melhor para o homem do que alegrar-se e procurar o bem-estar durante a sua vida; e que comer, beber e gozar do fruto do seu trabalho é um dom de Deus (Eclesiastes, 3:12,13). A rítmica existencial, que começa o capítulo, só faz sentido no âmbito da busca de uma vida feliz e realizada, realização onde se inscreve uma interpretação hedonista da existência. O ritmo do plantar e do colher não é então o do opróbrio e da desgraça mas do prazer pleno de estar vivo. E esse prazer e o reconhecimento e a gratidão pelo dom da vida.



sábado, 13 de agosto de 2016

Sob o império dos objectos

Carlo Carra - Ritmi di Oggetti (1911)

Presos ao fascínio dos objectos, mede-se, de forma pouco meditada, o vigor espiritual de uma civilização pelos objectos nela produzidos ou, quando objectos naturais, por ela valorizados. Os objectos, contudo, possuem os seus próprios ritmos e estes estão longe de ser os ritmos do espírito humano. Seduzidos pelo dinamismo das coisas, os homens esquecem o seu próprio ritmo e alienam-se a si mesmos, ao sujeitar a sua vida espiritual ao ritmo das coisas. Tornam-se, sob o império dos objectos, coisas entre coisas, objectos entre objectos.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

O ritmo de cada um

Nicolás de Lekuona - O bosque do ritmo (1932)

O ritmo é aquilo que diferencia o caminho de cada um na vida do espírito. Por isso, nenhuma aventura espiritual de um homem pode ser modelo a copiar por outro. A consciência desta diferença radical é essencial. O que está em jogo, na vida espiritual, não é a massificação igualitária mas a singularização de cada um. Que cada um, segundo o ritmo que é o seu, responda à voz que o chamou. 

sábado, 10 de agosto de 2013

A metafísica estival

Benvenuto Benvenuti - Estio (1907)

A nostalgia dos dias de Verão é associada, quase sempre, à estadia junto do mar, à vida social que aí ocorria, aos amores e desamores dos primeiros tempos, a uma espécie de Bildungsroman trivial e patético. Ao olhar, porém, o quadro de Benvenuto Benvenuti, descobre-se uma outra nostalgia estival, a nostalgia de um tempo em que os campos ainda tinham um papel central na vida dos homens. Tudo seria mais lento, mais denso, mais profundo. Um tempo para semear, outro para cuidar e outro para colher, segundo rituais que a ciência e a indústria ainda não tinham desfigurado. Nesse ritmo, o espírito ordenava-se e elevava-se daquilo que era terrestre para aquilo que o ultrapassava. Era o tempo da metafísica.