domingo, 5 de agosto de 2012

Poemas do Viandante (320)

320. NINGUÉM SABE A HORA DA RECONCILIAÇÃO

Ninguém sabe a hora da reconciliação,
o mundo aberto à placidez,
ao rumor dos teus passos no jardim.
Ninguém sabe o tempo dos astros,
as estrelas inquietas
que cintilam nos teus olhos.

Componho um livro de histórias,
traço em cada página o segredo,
o lento fulgurar de uma vida.
Depois entrego-o ao silêncio da noite,
à constelação mais tumultuosa
e espero que a árvore frutifique.

Tudo o que escrevo são orações,
uma acção de graças
pela letargia que há em cada ser.
Na quietação que nos habita,
uma voz ressoa,
ave de papel a latejar sobre o infinito.

Penso na coragem reservada dos heróis,
penso nos peregrinos perdidos,
penso no campo devastado pela cólera.
Não há ciência para tal pensamento
e sento-me se a madrugada vem
e anuncia o tempo da reconciliação.

4 comentários:

  1. Pelos vistos as Musas continuam activamente fulgurantes de inspiração ao Poeta. Muito bom

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  2. Muito obrigado, Maria. Serão de confiar as Musas? Talvez não haja outro remédio.

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  3. Creio que sim, que se pode confiar nas Musas Habitam-nos, no mais fundo de nós. É de lá que nos inspiram, dessas profundidades abissais.

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