O perdido
poder de te ressuscitar,
de trazer à
vida o murmúrio dessa voz,
o calor
suspenso sobre a casa.
Começado o
declínio, nada nos salva,
o barco corre
sonâmbulo pelo rio
e a foz,
apenas o nada que te aguarda.
Desesperam
os que amam a beleza,
essa lúcida
inclinação para a loucura,
pois sempre
que a respiração se suspende,
ela retoma o
ritmo, o hábito lho deu.
Tão frágeis
os nossos juízos,
que tomamos
por belo aquilo que passa.
Na casa
recusamos ver o salitre
e na face,
aquela que mais amamos,
esquecemos o
ruminar das horas.
Pobres poderes
são a nossa herança:
um riso, a
flor da camélia, uma noite,
a breve
alegria do esquecimento.
Tenho muita dificuldade em comentar poesia.
ResponderEliminarDá-me, por vezes, é vontade de escrever coisas que me ocorrem quando leio alguns poemas. Este seria um desses poemas. É um poema que poderia inspirar uma pequena sucessão de imagens, uma pintura, uma história.
É um poema muito belo como, de resto, são sempre todos.
Muito obrigado. Talvez possa escrever uma história, quem sabe?
ResponderEliminarNão escrevi uma história mas uma coisa acerca de árvores, em especial do meu pinheiro preferido - e também acerca do tempo que passa e que deixa marcas (nele e em mim).
ResponderEliminarAcrescentei uma referência ao seu poema.
Um bom domingo!
Muito obrigado. Irei ver, claro.
ResponderEliminarBom domingo.
É muito bonito, o poema.
ResponderEliminarMuito obrigado, Isabel.
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