Ana Peters - Niebla (1998)
364. CHEGO AO LIMITE ONDE A PAISAGEM SE DESVANECE
Chego ao
limite onde a paisagem se desvanece
e os
trilhos, em que caminhei, se apagam.
Olho e a
tudo a névoa cobriu,
instalando
sobre o mundo um véu igualitário,
ao geminar
planícies e vales, montanhas e rios,
o mar com as
suas trevas de sal e areia.
Nesse
exercício de cegueira espero por ti,
e na queda
de cada folha suspeito passos,
um bater de
coração, a ruidosa pulsação do amor.
Mas o tempo,
adverso ao desejo, rasga o papel
da esperança,
a anunciadora do óbito a vir,
e joga-me no
fundo das masmorras da terra.
Não há
metáfora que ilumine esse lugar,
nem símbolo
que indique a ascensão.
Resta ao
viandante a cegueira por guia
e, na
cerração que o envolve, caminhar,
traçar itinerários
a que nunca voltará,
vigiar no
fundo da alma a ilusão da manhã.
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