Descubro um
reflexo de luz na água do mar
e os meus
olhos ficam suspensos,
presos na
ínfima vibração que se desprende,
na vitória
precária sobre as trevas do mundo.
Que farei
com essa luz que me ilumina
e, por
instantes, me revela o oculto,
a respiração
da terra no murmúrio do oceano?
Pertenço a
um povo marítimo, dizem-me,
e não há
poema que não traga lágrimas salgadas
ou um barco
ancorado no velho cais.
Assim são
também os meus, mesmo se falam
da terra
seca ou da floresta erguida na montanha.
São
marinheiros que habitam nestas palavras
e navios
perdidos que lançam breves sinais.
Rudes as
nossas planícies e pobres os rios.
Ninguém sabe
o calor do vento na campina
nem o
restolhar das águas fluviais.
Resta a
areia imensa presa na rocha dura,
resta o
barulho das ondas a rebentar
e um amor
cego e perdido pela ventura
de morrer
num naufrágio e não voltar mais.
Mais um daqueles poemas que me emociona. Já o tinha lido há pouco e tive que fechar a página. Às vezes quando gosto demais tenho que me impedir de continuar a ler, com medo que se perca a magia.
ResponderEliminarVoltei agora a ver se ainda cá estava o poema ou se tinha fugido, ou se ainda cá estava mas agora já sem magia. Mas felizmente ainda cá está e a magia também.
Muito obrigado.
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