Paul Gauguin - Y el oro de sus cuerpos (1901)
359. TODAS ESSAS PERPLEXIDADES TRAZIDAS NO CORPO
Todas essas
perplexidades trazidas no corpo,
a angústia fabricada
pelo passar das horas,
uma dor
estranha ao dobrar da esquina,
os músculos
que se deslassam ou os ossos
doridos,
ateando pesadelos na noite,
a face
entrecortada aberta no salitre da casa.
Sempre que o
outono se aproxima, o calor redobra,
desenha
matagais em fogo, tragédias luminosas,
abre sulcos
na pele e sobressaltos no coração.
São
violentos para a tua alma os meses do estio
e nessa
violência se despedem e entregam ao ocaso,
o suspiro
aberto no peito, as águas que virão.
De olhos
abertos, escondes-me o segredo,
a pele
lêveda, o desejo insaciável na noite fria.
Dolente, estendes
a mão e tocas-me ao de leve.
Um sino
dobra no fausto do passado,
desenha uma
canção que a vida esquecera
e agora
brilha na caruma baça do dia.
Abre o
alvoroço da tua casa à minha mão
e deixa que
o vento sossegue o incêndio.
De todas as
coisas que nos cabem, a mais difícil
é a verdade
do que somos, a luz impiedosa sobre
a cabeça, o
lugar onde o esquecimento nasce
e se derrama
para nos salvar, náufragos da ilusão.
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