Ivonne Sánchez Barea - Cienaga roja (1999)
405. Vermelho como o tempo que nos toca
Vermelho como o tempo que nos toca
e deixa um vazio à espera
de um segredo que o preencha.
Vermelho como a íntima tempestade,
os frutos abandonados pelo chão
e gritos na cinza da memória.
Vermelho como o cansaço do verão:
as águas secas e a vida presa,
o sossego das tardes que não acabam.
Vermelho como a solidão presa à janela,
debruçada sobre um jardim de seda,
debruada no abismo da infância.
Vermelho como o sangue na arena,
quando a astúcia do dia declina
na sombra da morte anunciada.
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