quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Pontos de referência

Laurence Stephen Lowry - A Landmark (1936)

A viagem a que o Viandante foi chamado não tem nesta terra uma meta. É um destino sem destino, um destino que se tece no acto de o cumprir. Isso, porém, não significa que a viagem seja desreferenciada. Cada encontro é um ponto de referência, um marco, uma baliza que sugere a rota a seguir. São perigosos, porém, os pontos de referência. Se o Viandante os toma como um fim, então a viagem está perdida. O nobre nómada cedeu à tentação da vida sedentária.

2 comentários:

  1. Podia agora recordar que o caminho se faz caminhando, com ou sem pontos de referência. Entre andar sem saber onde se vai dar ou ficar sentada a contemplar o mundo, eu cá opto por caminhar. Posso não ir dar a lado nenhum de jeito mas, ao menos, o que vou vendo enquanto ando justifica a caminhada.

    Um viandante sedentário faz o quê? Limita-se a caminhar dentro de si próprio? Não é curto esse caminho?

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    1. Não sei se é curto esse caminho. Por exemplo, Fernando Pessoa, quase sempre preso a Lisboa, ou Kant, que nunca saiu de Konigsberg, e fizeram viagens por mares nunca dantes navegados. Talvez o ser sedentário seja uma atitude e não um estado. Haverá muitos, ou apenas alguns, sedentários verdadeiramente nómadas.

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