sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Sonetos do Viandante (15)

Paul Serusier - O Aguaceiro (1893)

15. Amo os dias taciturnos, amo a sombra

Amo os dias taciturnos, amo a sombra
E a chuva fria que trazem, amo a dor
Que com eles desaba, amo o sopro
Do vendaval e a cinza que se espalha.

Com esta melodia, faço canção
E traço pelo campo a fronteira,
Dessa pátria sem fogo nem futuro,
Casa de colmo, verde de saudade.

Quando a chuva cai, olho a janela
E a terra treme, fímbria luminosa
No veludo rasgado e frio do rosto.

De tudo o que amei, resta-me a penumbra
Que a tua voz desenhava nos dias pálidos,
O perfume vazio dos teus segredos.

Sem comentários:

Enviar um comentário