domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval

Máximo Stanzione - Sacrifício a Baco

Mesmo que o Carnaval derive das antigas Saturnais (decorriam, em Roma, em Dezembro), há nele uma forte reminiscência do culto de Diónisos (para os gregos) ou Baco (para os romanos). Um tempo de excesso e de fúria, de desmedida. A Igreja Católica mostrou a sua sabedoria das coisas humanas não tendo destruído a festividade. Como, porém, não podia recorrer à autoridade de um deus Apolo, para repor a ordem e a regra num mundo tomado pelo excesso e os furiosos estertores das ménades, declarou o dia seguinte ao de Carnaval como Quarta-feira de Cinzas. As cinzas recebidas, segundo a doutrina corrente, são motivo de reflexão sobre a conversão. Na verdade, porém, as cinzas são o que resta depois do fogo e do fulgor dionisíaco. O que torna o Carnaval um momento preparatório da própria Quaresma e Páscoa dos cristãos.

4 comentários:

  1. Alguém liga ás cinzas?
    Eu gostava que ligassem.

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    1. Haverá, por certo, uma minoria - pequena, muito pequena - que as tomará no sentido pretendido.

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  2. Se me permite, e se bem que respeite, como é óbvio, a sua opinião, não resisto a questionar a "sabedoria da Igreja Católica".
    Depois do desvario a penitência, ontem como hoje?

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    1. A sabedoria residirá em não ter anulado por completo o impulso dionisíaco que existe no ser humano. Este impulso é muito desestruturante socialmente, por isso necessita de encontrar um escape. O Carnaval parece-me que foi esse escape.

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