sexta-feira, 27 de julho de 2012

Poemas do Viandante (312)

312. DEIXO A LUCIDEZ NA TERRA SECA

deixo a lucidez na terra seca
e colho flores silvestres
breves intimações de luz
num universo longínquo
feito de profecias sagazes
e de memórias dolorosas

um velho retrato de família
o livro aberto sobre a mesa
as primeiras canções iluminadas
pela voracidade da infância

construí um mundo rudimentar
tracei caminhos e fronteiras
e em lado algum vi o nome
que um dia descobri ser o teu

resta-me desfazer a geografia
e entregar cada imperativo
à necessidade que o criou
amadureço na luz de setembro
e se as vestes se rasgam
entro despido na água do mar

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