ainda
podemos sonhar regatos de água límpida
e caminhos
de terra batida no segredo da floresta
mas são
sonhos de citadinos exaustos
marcas
ligeiras na palidez da face
a nostalgia
de quem há muito perdeu o lugar
e do mundo
apenas conhece o fluir do trânsito
a angústia
das horas-de-ponta na vida assim desvivida
sonhos são
exercícios de culpa trazidos pela noite
máscaras de
veludo para amortecer a dor
um pequeno
manual para actos de contrição
aprendemo-los
na longínqua infância
como uma
garantia contra o desvario
os espinhos
que a vida traz
amuletos para
a má-fortuna ou amor ardente
pego no
sonho que me trouxeste
e abro-o
para descobrir a sua verdade
a ferocidade
da roseira coberta de espinhos
o sangue a
golfar na raiz da vida
e todas as
noite que terei para dormir
esquecido da
cidade e dos que nela morrem
perdido na
água pura da floresta que me espera
Nota 20 e com direito a doutoramento honoris causa! Muito bom, evocando Camões de passagem...
ResponderEliminarMuito obrigado, Maria. Talvez não seja possível escrever em português sem - directamente, como é o caso, ou indirectamente - evocar Camões. Nada a fazer.
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