João Queiroz - Desenhos a carvão
304. QUE FAÇO DESTE RISCO NO PAPEL
que faço
deste risco no papel
ardil de um
bosque
uma sombra
ensanguentada na manhã
a tua
pulsação na ânsia
do amor
deixo que
chegues no traço enovelado
penso-te e
és nuvem
sobre
montanha alcantilada
céu denso e
negro
água pura a
chover sobre mim
uma luz
indecisa ruboresce no oriente
e uma
saraivada de pássaros acorda
as folhas na
madrugada
as estrelas
debandam
na estranha
paisagem dos teus olhos
se me sento no
chão ao teu lado
vejo de
perfil a angústia
santuário
inexplicável
noite
tempestuosa
na serena mágoa
do acontecer
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