De todos os
mestres que a vida trouxe
o maior tem
por nome silêncio,
um exercício
de contenção na vacuidade
do mundo, a
casa fria onde habitamos.
Dele
aprendemos o essencial,
a cor
solícita da primeira madrugada,
o atear do
fogo com a caruma dos pinheiros,
a respiração
da mulher que mais amamos.
Se chega a
noite e lemos à luz do candeeiro,
o silêncio é
a música que retine no horizonte,
o poder que
habita cada uma das palavras,
o rei que
distribui felicidade pelos súbditos.
Ao mergulhar
nele, o corpo torna-se mais leve,
suspende a
gravidade e ergue-se aos céus,
pássaro de
penas translúcidas,
um cristal
de fogo sobre a terra em transe.
E na mistura
que todo o amor consigo traz,
amo em ti o
silêncio que arde no corpo,
as palavras
suspensas se te toco,
a plácida
brancura a vibrar na pele.
Aprendi, ó mais
querido dos mestres, todos
os segredos,
os que me quiseste revelar,
para lá da
fuligem que escurece a terra
e das ilusões
com que desejo enganar-me.