Um sítio de
pequenas lagoas e grandes neblinas,
lugar de mistérios
sombrios e vorazes, perdidos
na lenda,
casa branca que todos habitamos,
do pôr do
sol ao raiar da aurora.
Sopra um
vento fresco e as águas agitam-se,
tremem sob o
império do hálito montanhoso,
adormecem se
a respiração se suspende na tarde.
Os dias de
rancor, um ódio vindo pela estrada
de alcatrão,
exercício de perfídia e adultério,
a paisagem
entregue ao voo do abutre,
a flora
esfacelada e os campos rasgados,
corpo ensanguentado
deixado sobre a terra.
Silvas e
amoras, as pequenas emboscadas,
ruídos breves
que te fazem tremer a mão.
Ao entrar na
água fria, o corpo freme e hesita,
para se
entregar, de súbito, rendido ao enigma,
à pureza das
montanhas, ao voo do falcão.
Não sou
camponês, nem em mim habita o desejo
da lavoura.
Basta-me olhar os campos
e, perdido
nas ruas da cidade, deixar o coração
voar para os
cumes agrestes da serra escarpada.