William Turner - Sombras y oscuridad, la tarde del Diluvio (1834)
Pensa-se muitas vezes o dilúvio como sendo o registo, transformado pela memória e pelo mito, de algum acontecimento histórico. Noutros casos, encerra-se a narrativa no delírio de uma imaginação transbordante e sem o controlo da razão lógica. No entanto, o relato bíblico do dilúvio e da Arca de Noé contém em si uma simbolização que merece atenção e pensamento. Duas categorias emergem nele: a dissolução do mundo e o recomeço. No caminho dos indivíduos e dos povos - esses grandes sujeitos colectivos - são muitos os momentos onde dissolução e recomeço têm um papel central. Na verdade, recomeçar implica sempre e de certa maneira uma dissolução da antiga figura onde o espírito e a vida se cristalizaram.
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