Paolo Ricci - Anunciação (1973)
Vivemos num mundo onde, falsamente, se promove o debate como a grande virtude social. No centro dessa virtude, existe uma outra que orgulha muito os seus detentores: o poder argumentativo. Mas se nada de essencial nascer desse debate e se todo o argumentário não passar de um exercício da vaidade humana? Em tempos houve um outro caminho e uma outra virtude. O intermediário - um anjo, um deus, uma ave - anunciava algo aos homens. A virtude residia então na disciplina da escuta. Mas, nos nossos dias, quem aceita uma disciplina, qualquer que ela seja, ou quem está interessado em escutar?
certos momentos convidam ao ruído como forma de abafar a brutalidade do silêncio que se adivinha, não o silêncio prenhe de uma anunciação mas o silêncio fétido de uma condenação.
ResponderEliminarHouvera anjos e muitos seriam os seus ouvintes mas os anjos quiseram experimentar-se humanos e perderam a possibilidade de sussurrar, ninguém quer escutar anjos uivantes.
Talvez ninguém queira escutar seja o que for a não ser a si mesmo. Claro que o ninguém é retórico. Ainda há quem se ponha à escuta do anjo, mesmo que seja o terrível anjo da história.
Eliminartalvez haja, mas é uma escuta que implica disponibilidade para a dor.
ResponderEliminarCompletamente de acordo.
EliminarCom a agravante do argumentatário ser enganador, impante, vazio de respeito.
ResponderEliminarClaro, ainda com essa importante agravante.
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