Benvenuto Benvenuti - Estio (1907)
A nostalgia dos dias de Verão é associada, quase sempre, à estadia junto do mar, à vida social que aí ocorria, aos amores e desamores dos primeiros tempos, a uma espécie de Bildungsroman trivial e patético. Ao olhar, porém, o quadro de Benvenuto Benvenuti, descobre-se uma outra nostalgia estival, a nostalgia de um tempo em que os campos ainda tinham um papel central na vida dos homens. Tudo seria mais lento, mais denso, mais profundo. Um tempo para semear, outro para cuidar e outro para colher, segundo rituais que a ciência e a indústria ainda não tinham desfigurado. Nesse ritmo, o espírito ordenava-se e elevava-se daquilo que era terrestre para aquilo que o ultrapassava. Era o tempo da metafísica.
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