domingo, 25 de agosto de 2013

O rito da dança

Marc Chagall - Dance (1962-63)

Na dança, aquilo que retém olhar não é tanto a luta contra as leis da natureza, a suspensão da gravidade, mas a sua natureza ritual. Nela realiza-se um rito nupcial, uma antecipação da união dos corpos e fusão dos espíritos. Torna-se a dança, a cada momento, um símbolo arcaico daquilo que, no mistério de Eros, surge como injunção à fusão dos corpos e à dissolução de dois seres num único. A dança é a antecâmara de um mistério que está muito para além dos limites da razão.

3 comentários:

  1. Nem sempre a dança pressupõe um par de dançarinos. Quando ao desafio das leis da gravidade, esse desafio é uma característica da dança ocidental, e contrária à da dança clássica indiana.
    Deus criou o tempo e ao enunciar o "fiat lux" criou o som. Criou assim o som e o ritmo, que nada mais é do que música e dança. Deus: o primeiro músico e coreógrafo, antes de ser arquitecto.

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    1. Sim, nem sempre a dança pressupõe um par de dançarinos. Um dançarino apenas (ou grupos não emparelhados, digamos assim)pode dançar sob o som e o ritmo originários, esses que derivam, como diz, da "fiat lux". Mas sempre que um homem e uma mulher dançam é como se respondessem ao apelo do andrógino originário de que fala Platão.

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    2. Esta sua última frase comoveu-me. Quantas vezes sinto que deve ser isso, de facto.

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