João Queiroz - Sem título (2011)
274. DE OLHOS FECHADOS ATRAVESSEI A FLORESTA
de olhos fechados atravessei a floresta
e os cardos laceraram-me os pés
ao ritmo do vento sobre as folhas
ao entrar
depois da lisa superfície da rocha
comecei a esquecer o nome
e o obscuro vento da liberdade
batia-me aos ouvidos
promessas desfeitas na ramagem dos fetos
um sonho tingido pelo desvario de um deus
a recordação de um corpo
levedado na esperança do meu
perdido na minúcia das sombras
ergui um altar de orvalho
e queimei o incenso que restava
quando o corpo sentia o frio
nascido da ausência do teu
de todas as noites
resta-me aquela pintada na tela
estranho musgo de quartzo
no rasto ardido dos pinheiros
essas pequenas palavras na floresta da língua
vingança tardia
secreto silêncio da sombra
essas pequenas palavras na floresta da língua
vingança tardia
secreto silêncio da sombra
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