José de Togores - Amor en el bosque (1930)
Há um estreita conexão, em vários tipos de literatura, entre o amor e o bosque. Uma perspectiva superficial da relação dirá que o bosque é o sítio onde, numa visão romântica da vida, o amor poderá ser consumado. No entanto, o topos do bosque não terá tanto a ver com o sítio onde os amantes se poderão entregar às exigências de Eros e de Afrodite, mas com uma metáfora. Mais interessante do que ver o amor no bosque será compreender que o amor é um bosque. A transferência das qualidades do bosque para o amor poderá completar a metáfora camoniana do amor é fogo que arde... Aos excessos de calor e luz camonianos contrapõe-se a dimensão sombria, protegida do calor e da própria luz que o bosque permite figurar. Há no amor toda essa dimensão intermédia, onde as sombras, ao irromperam da relação entre o claro e o escuro, vão desenhando novas configurações, como se o amor fosse uma construção contínua de mapas, os quais se vão substituindo uns aos outros, pois os diversos territórios vão alterando as suas fronteiras. Esta imprecisão pode ser encontrada na imagem do bosque que torna difusas as silhuetas de quem o atravessa. Mas a metáfora do bosque não se opõe à metáfora do fogo, pois o bosque oferece o material combustível para os grandes incêndios. O bosque é o lugar onde aqueles que o atravessam podem ser apanhados na emboscada do amor.
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