Ilse Bing, Chairs with Leaves, Luxembourg Gardens, Paris, 1952 |
Ela sentava-se
nessa cadeira todas as manhãs. Contemplava o jardim durante dez minutos e ia-se
embora. Eu observava-a, de longe e fascinado. Um dia não se levantou. Prosseguiu
a contemplação. Estranhei, mas tive de sair. Quando voltei, na manhã seguinte,
ela aí continuava, imóvel. Aproximei-me e toquei-lhe pela primeira vez. Era
mármore do mais puro que já vira. Fiquei desconcertado, mas a sua transformação
em estátua eternizava-lhe a beleza. O pior foi o dia em que os serviços
camarários descobriram a irregularidade daquela estátua. Quando os funcionários
lhe tocaram para a remover, o mármore desfez-se em poeira, e a única mulher que
amei foi levada pelo vendaval que se levantou.
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