Pina Bausch, Blaubart, 1977 |
Fora
em outras épocas e elas não se livrariam da fogueira, acusadas de bruxedo,
confessando cópulas frenéticas, noite fora, com algum íncubo. A imaginação é
prodigiosa. Aqui, porém, trata-se da realidade. Num primeiro momento, elas
dançaram, desenhando com o rigor os passos do bailado. Depois, pensei estar numa
festa em honra de Diónisos. Eram ménades frenéticas e loucas. De súbito, a
música parou e elas pararam. Algumas caíram, a outras o êxtase elevou-as,
suspendeu-lhe a submissão à gravidade e, durante horas, ali ficaram perante o espanto
de quem assistia ao espectáculo. Quando alguém se lembrou de fazer voltar a
música, elas pousaram os pés no chão e saíram. Eu vi, estava lá.
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