quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Êxtase

Pina Bausch, Blaubart, 1977
Fora em outras épocas e elas não se livrariam da fogueira, acusadas de bruxedo, confessando cópulas frenéticas, noite fora, com algum íncubo. A imaginação é prodigiosa. Aqui, porém, trata-se da realidade. Num primeiro momento, elas dançaram, desenhando com o rigor os passos do bailado. Depois, pensei estar numa festa em honra de Diónisos. Eram ménades frenéticas e loucas. De súbito, a música parou e elas pararam. Algumas caíram, a outras o êxtase elevou-as, suspendeu-lhe a submissão à gravidade e, durante horas, ali ficaram perante o espanto de quem assistia ao espectáculo. Quando alguém se lembrou de fazer voltar a música, elas pousaram os pés no chão e saíram. Eu vi, estava lá.
 

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