segunda-feira, 5 de outubro de 2020

A rapariga da bicicleta

Rodney Smith, Anika on Bicycle, 1993
Ela vinha de bicicleta por uma álea e parava diante de nós, a certa distância. Olhava-nos. Corria o boato de que vivia na floresta e, quando nos voltava as costas, para lá retornaria. Ninguém o confirmou. A palavra cobardia será a mais adequada. O fascínio que sobre nós exercia era tão grande quanto o terror que sentíamos se os nossos olhos encontravam os dela. Raramente a vanglória das palavras corresponde à grandeza dos actos. Estávamos todos apaixonados. Não houve quem dela se aproximasse. Um dia, desmontou da bicicleta e começou a caminhar na nossa direcção. Vou escolher um, disse. Fugimos miseravelmente. Nunca soubemos o que lhe aconteceu. Nenhum voltou àquele sítio. 

4 comentários:

  1. A fotografia é magnífica.
    E sim, a palavra cobardia será a mais adequada...
    Poor Anika!

    Boa semana, HV.
    🍂



    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, a fotografia é extraordinária.

      Quanto a eles, talvez tenham pensado que ela fosse a morte. Nunca se sabe.

      Boa semana, Maria

      HV

      Eliminar
    2. Humm... é bem possível.
      Vou substituir a palavra cobardia por prudência que, tal como os caldos de galinha (do campo 🐔) nunca fizeram mal a ninguém.

      Uma boa noite.
      😴
      Maria

      Eliminar
    3. Seja como for, nunca ficaram a saber.

      Boa noite

      HV

      Eliminar