Giorgio de Chirico - The Red Tower
Ouvir a voz do deserto. O medo da solidão ofusca o desafio que o deserto lança a cada um. Não me refiro ao deserto geográfico, a essa paisagem de areia, sol e desolação, mas ao deserto interior, ao desenho de um espaço onde nos confrontemos com a Verdade ou, dito de outra maneira, onde a Verdade nos confronte, nos ponha em causa e desmascare a nossa ficção. Quando o deserto vem ter connosco, rasga o corpo e cresce na alma, sentimos uma angústia tão estranha que acabamos por fugir, fechar o espaço assim aberto e repousar na pura bavardage quotidiana, na efectiva alienação. Salvos daquilo que nos interpela, entregamo-nos ao fluir da nossa irrelevância. Prazeres e dores são estações da nossa cobardia perante o deserto - a praça vazia da nossa alma - e a voz que nele fala.
"Quando o deserto vem ter connosco, rasga o corpo e cresce na alma"
ResponderEliminarA partir daí ou se sabe saborear a areia ou se passa ou resto da vida com miragens de oásis.
E quão sedutoras são as miragens no deserto...
ResponderEliminarSão tão sedutoras que vários caminhantes morrem exaustos e secos por confiarem nelas...
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