terça-feira, 28 de maio de 2013

Verdade e existência

Jules Joseph Lefebvre - A Verdade (1870)

Na tradição intelectual do Ocidente, a verdade é vista ora como revelação daquilo que está oculto - essa é a perspectiva platónica que tem frutuosa aplicação na literatura, nomeadamente na literatura policial - e a verdade como adequação à realidade das representações que o homem produz, por exemplo, na ciência. Um dos momentos mais surpreendentes dos textos evangélicos é aquele em que Cristo afirma que é a Verdade, a Via e a Vida. A questão da verdade é deslocada do elemento intelectual para uma perspectiva mais global. Poder-se-á dizer que, com o Cristianismo, a verdade se combina com a vida e com o modo como a vivemos. Há uns anos atrás, dir-se-ia que a verdade tem um sentido existencial. A verdade não é assim o resultado de uma estratégia cognitiva ou a resultante da justeza das nossas imagens do real, mas uma forma de caminhar na vida que mobiliza não apenas o intelecto mas todo o ser do homem. A verdade não é uma representação mas uma presença que, por ser verdadeira, se torna realidade.

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