Vincent Van Gogh - Road with Cypress and Star (1890)
413. O vento arde sobre os ciprestes
O vento arde sobre os ciprestes,
traça redemoinhos na paisagem,
deixa vestígios de luz no horizonte
e a promessa de um incêndio
no imóvel movimento das cores.
Olho a pulsação das árvores
e sinto o arpejo das almas
subindo lentamente aos céus.
Eternos e precários ciprestes,
sombra tardia aberta na vida,
cálice abandonado na terra,
um excesso romântico de Deus.
Os astros correm nos céus,
desenham páginas de silêncio
na astúcia que derramam
sobre as casas escondidas
na desolação da planície.
Pobres caminhantes, a vida joga-se
como um sobressalto desolado
entre o segredo de um nome
e a sombra levitada do cipreste.
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