Carlos Schwabe - A dor (1893)
417. A dor é uma melodia transbordante
A dor é uma melodia transbordante,
ruído que pousa na exuberância do corpo
e rasga uma estrada de excessos
que quebram o fôlego
e trazem a noite à claridade do meio-dia.
Pudesse a dor ter uma face geométrica,
ser circunscrita pela luz da razão,
e o mundo, tomado pela vertigem,
ergueria em cada sombra
um império de estrelas e constelações.
A infinita ferida, porém, tem mil caras
e a cada momento a metamorfose
traz um novo e infindável grito,
o suor que dilacera o peito
e abre a pele para um refúgio insensato.
Um arquipélago de escaras ardentes,
um universo de feridas em expansão,
a fonte de onde nasce o mal.
Silêncio, silencioso silêncio, desce,
o corpo caído, turvo de suor, espera-te.
...mais um poema que mereceria ser publicado...em livro, com folhas, papel, capa e contracapa, brochura, badanas com um breve resumo sbre o autor...e mais não digo.
ResponderEliminarGenerosidade sua. Muito obrigado.
EliminarVenho de Olhares que se querem lúcidos. Entrei sem bater à porta, o que é muito feio, mas mesmo assim, entrei, o portão abriu-se a um pequeno toque.
ResponderEliminarGostei do que li mas de facto o poema fez-me deixar este registo pois é muito bom.
Boa tarde!
Na verdade, o portão está sempre aberto, para que entrem ou para que espreitem, conforme o desejo.
EliminarMuito obrigado por ter entrado.