quinta-feira, 9 de maio de 2013

Poemas do Viandante (414)

Emilio Sánchez Cayuela (Gutxi) - Silencio (1985)

414. Desenho o silêncio nas margens da palavra

Desenho o silêncio nas margens da palavra
e deixo-o correr pelos dedos,
rio de água clara,
fruto caído e sombra de pássaro.

Trago-o preso no coração,
mancha de incenso pela tarde,
a pergunta perdida
na esquiva desolação da cidade.

Dispo-te quando chega o estio,
e traço uma fronteira de rumores.
Esqueço cada palavra
e deixo-te, silêncio, nascer pela alvorada.

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