A tentação possui uma curiosa fenomenologia. Começa por ser um fruto da imaginação. Esta imagina um objecto desejável, confere-lhe uma tonalidade apetecível, instiga os instintos para esse fim, ao mesmo tempo que dissolve a vontade e torna a razão numa coisa nublada e incapaz de julgar. Por vezes, suspende mesmo a razão em nome do impulso que habita a faculdade de desejar. A imaginação é então uma rainha despótica de um reino sem fronteiras, soberana sempre desejosa de alargar os seus infinitos territórios. Mas será assim tão soberana essa imaginação? Quem desencadeia nela as imagens tentadoras?
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