Achille-Etna Michallon - Ruinas del Teatro de Taormina en Sicilia
368. A RUÍNA, UM MISTÉRIO QUE HABITA AS COISAS
A ruína, um
mistério que habita as coisas,
partícula
invisível no centro do coração,
a pulsão
infernal vestida de alegria e esperança.
Como podem
os homens aguardar pela sentença
da história,
pequena meretriz que se vende na rua,
e dela
fazerem trono e altar, viagem e romaria?
Ela marcha
presa na voragem do anjo
e sob os seus pés caem praças e jardins,
a breve
violeta que plantara para as tuas mãos.
Mal chega, a
rutilante estrela da vida fenece,
entrega-se lívida
à combustão da dor,
às brechas
que rasgam a parede da alma.
Hoje não
precisamos da chegada dos exércitos.
O inimigo
vive entre nós, em nossa casa,
e
alimenta-se do vurmo que escorre dos corpos,
enquanto
canta nas trevas da adolescência,
enquanto
soletra, nome a nome, o destino
que um ódio nascido
na febre a cada um reserva.
Insensato
terramoto que me rouba a pátria,
os dias em
que caminhei a teu lado,
a tua mão que
se abria para a ânsia da minha.
As muralhas
foram derrubadas e as casas ardem.
Os ratos
correm pelos campos vazios
e o sino da minha
igreja calou o bronze da sua voz.